Restos

Nunca se é completamente.
Se fôssemos, haveria a possibilidade de sermos outros de nós mesmos?
Em nós há um resto.
Resto, estranheza, traço, marca de perda.
Resto que ficou de fora daquilo que nos constituiu. Pois bem!
Bebê humano necessita de um outro humano para lhe dar sustentação.

Alguém que signifique sua existência, embale seu corpo, acolha seus sonidos, alimente sua linguagem e sua carne. Alguém que diga quem és. Alguéns que digam que somos.
Tão belo assim pode ser o nascimento de um ser de linguagem.
Rastro do outro em nós que faz um, Eu.
Rastro do outro em mim que diz “Viva”.
Mas há um resto, traço, marca.
Diferença não inscrita e fora da série.
Dentre tantos dizeres.
Tantos rastros do passo do outro em nós.
Há de existir aquilo que diga da verdade de cada sujeito.
A tentativa de deixar de fora esse resto, expurgando a diferença, causa angústia a cada tentativa fracassada de sustentar a identificação significante, aquela que diz quem sou, mas que é não toda porque algo fica de fora daquilo que se criou.
Ser linguageiro, submetido à bela ordem do Eu.
Incluir as diferenças é uma operação lógica por meio da qual o sujeito pode experimentar um novo saber. Um saber sobre a estranheza de si em si mesmo.
Daquilo que fez marca que possa advir uma inscrição da verdade em si sobre si.

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